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<aside> ⚠️ AVISO: Os textos a seguir podem conter linguagem imprópria, alusão a violência e descrições de ações perigosas. A Autora não incentiva que nada do que está escrito seja praticado no mundo real. Recomendado para maiores de 18 anos

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Fracasso. Sua mente martelava aquela palavra como uma sentença. A condenação de todos os seus esforços à mera categoria de futilidade. Usou todo o controle adquirido na existência antes do abraço para fitar em silêncio o velho mestre, com sua barba branca, destacada do hábito ortodoxo.

— Olhe para mim.

Ordenou o ancião, num tom enfático. Sua vontade expressa de forma definitiva. A mulher jovem, cujos olhos brilhavam num tom quase amarelado, fitou seu mestre e senhor.

— De que vale os dons que a noite lhe deu, Olenska, se teu olhar se recusa a enxergar nossa natureza?! A arte é uma expressão de Deus, criança tola. Nós.. — Ele se aproximou dela, tocando sua face com as mãos esqueléticas e nodosas. —... Somos feitos de pecado e sangue. Ungidos na noite perpétua do primeiro assassino.

Ela desejava vociferar o desprezo àquela ideia profana. Entretanto a vontade sobrenatural dele, sobrepuja qualquer de seus instintos. Sem poder reagir, a vampira observa enquanto o Monge rasga o pulso, com uma unha afiada, o odor do sangue atingindo suas narinas e atiçando a coisa que habitava atrás de seus olhos.

— Assassinos, feiticeiros, apóstatas, usurpadores… tudo por isto… — O pulso dele estava próximo aos lábios dela. — Beba, criança insolente. Renove em ti, a minha vontade. Deixe o monstro tomar conta, minha criança…

Sem escolha, a coisa que perseguia sua existência tomou a ordem como um convite. Seu corpo sorvia o sangue, enquanto sua alma gritava. O mestre punia seus discípulos rebeldes sempre da mesma forma, lembrando-os de sua natureza.

— Não há pecado maior que negar seu legado. — A mão dele pousou em sua cabeça coberta por um intrincado turbante. — Piedade, misericórdia e contemplação não lhe pertencem mais, acólita. Apenas o sangue nos une e só ao dominá-lo seremos livres.

Com os lábios ainda manchados de sangue, ela viu seu mestre partir. Sua alma gritava…"Hei de ser livre! Custe o que custar!".


Personagens, fatos e cenas são ficção!

Texto e Manipulação: @evelling

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